VINTE E TRÊS NOS SEM SEBASTIÃO CAVAGNOLLI
Era uma tarde de janeiro de 1989, a cidade arrasada pelas
chuvas perversas que destruíram parte de Morretes. E o Sebastião Cavagnolli foi
à minha casa me convidar para ajuda-lo a recuperar Morretes. Na hora eu fiquei
assustado, mas ao olhar nos olhos do Prefeito eleito há quatro dias, com a
cidade literalmente embaixo d’água, criei coragem e aceitei. Eu, o Cavangolli e
minha mãe sentados na mesa da minha cozinha tomando um café, ele explicando o
que ele queria para Morretes, transformar nossa pacata cidade num ícone do
turismo gastronômico brasileiro. Em alguns momentos deu vontade de dizer a ele
que tudo aquilo era um sonho impossível, empolgado com a perseverança dele, com
a sua vontade de fazer e seu imenso amor por Morretes, aceitei o desafio.
Quando eu disse que aceitava, ele derramou uma lágrima e disse para minha mãe, -“Léa,
não quero e não vou governar um povo triste, nós vamos levantar Morretes” E aí
está Morretes, um ícone do turismo nacional, como ele queria “A TERRA DO
BARREADO”. Cavangolli não foi um prefeito comum, aliás, ninguém que canta ópera
em avião é comum. Ele era especial, criou a Rua das Flores, colocou o Chafariz
no Rio Nhundiaquara, coreto nas praças, transformou o Porto de Cima, iniciou a
transformação do São João da Graciosa, profissionalizou o artesanato criando a
Associação dos Artesãos de Morretes, incentivando a criação e a produção de
produtos artesanais, hoje Morretes tem uma diversidade de produtos artesanais
que não ficam devendo a ninguém. Cavagnolli, junto com Marcy Pinto
revolucionaram Morretes. No turismo Morretes chegou ao extremo de promover sozinha
uma festa de encerramento da ABAV, Associação Brasileira de Agentes de Viagem,
com uma festa perfeita no SCALA, a maior casa de shows do Rio de Janeiro, com
um barreado para 4mil pessoas, feito por um grupo de cozinheiros levados aqui
de Morretes, capitaneados pelo especialista Marcos Costa. Esse era o
Cavagnolli, para ele nada era impossível, e o seu jeitão de menino era cativante.
Para promover o Sul Americano de RALLY, que passaria a ter uma das etapas
disputadas no Brasil, e a FIA escolheu Morretes, o Cavagnolli foi até a Casa Rosada
para uma audiência com o Presidente Carlos Menen. A assessoria estipulou um
tempo de 10 minutos entre a conversa e a gravação do vídeo. A audiência virou
um bate papo de quase 40 minutos. O vídeo foi veiculado em todos os países da
America do Sul. Dia 30 de janeiro de 1993, Cavangolli recebeu seus amigos na
sua casa, era dia do seu aniversário, mais que isso era despedida dele dos seus
amigos e dali vitima de mal súbito foi ao encontro do seu pai que tanto ele amava.
Hoje, quando vejo a cidade lotada de gente, restaurantes enormes, milhares de
pessoas vivendo do turismo, me vem na memória à frase dele para minha mãe... “Léa,
não quero e não vou governar um povo triste”