Papel da imprensa
O assunto do momento na midia é o tal rolezinho. Cada nova forma
de manifestação coletiva que parece assombrar as ruas e enlouquecer os donos
de lojas e seguranças de shopings traz a tona novas perguntas como “o que querem
os jovens, para que serve o tal rolezin e outras perguntas mais são feitas pela
sociedade, porém até agora sem respostas. Por enquanto a única verdade é que as
manifestações parecem buscar sentido em si próprias, tal qual imagem de
espelho. Na verdade o tal rolezinho é uma esécie de selfie grupal.
Só que é difícil acomodar grupos no espaço exíguo do shopping,
programado para atos igualitários, mas individualizados na compra ou na
contemplação de vitrines. Uma boa questão é a de se saber qual seria a reação a
grupos compactos de jovens de pele clara ou brancos brasileiros. É certo,
porém, que o colorido e iluminado igualitarismo daquele espaço é infenso à
gradação forte dos fenótipos, isto é, aos coletivos “escuros”. Em si mesma, a
arquitetura do shopping embute preconceitos. O espírito que preside a tudo isso é global, porque sem educação de
qualidade que garanta a entrada de todos na ordem da produção, cabe aos menos favorecidos intelectualmente a inserção social pelo consumo. É o único caminho aberto pela
ideologia neoliberal às massas, que anseiam pela confirmação coletiva de sua
condição consumidora. O consumo é um território novo, onde a verdade é fato
social, e o virtual aspira à realidade. Isto é geral, vale repetir, mas em alguns dos fenômenos ancorados no
artificialismo desse território, há particularidades locais, como o rolezinho,
que é originariamente paulistano. É preciso frisar o “originário”, uma vez que,
em tempos de internet, o local pode tornar-se rapidamente global pelo contágio
viral das redes sociais. A mídia corporativa também contribui para isso na
medida em que exagera o microevento, fazendo-o repercutir como grande notícia e
ampliando, com um pano de fundo paranoide, as suas dimensões. Em outras
palavras, a mídia tradicional também “sugere” a ubiquidade do evento. O medo é, assim, um grande vetor de
ações. No shopping ou na rua, gente aglomerada e com “cara de povo” (a estesia
ostentatória do consumo não apaga a diferença étnica) acaba provocando medo. É
este o sentimento patético que transparece em comentários de jornais ou em
colunistas de revistas, supostamente avançados e cultos. O que fica mesmo
evidente é que, nesta nova ordem social em que as emoções são sincronizadas
pela internet, o pânico pode ser manejado também pelas massas como uma espécie
de trunfo na manga contra a indiferença do poder de Estado às condições reais de vida. Por sua vez, entretanto, o mesmo Estado administra vários tipos
de medo – a depredação das garantias trabalhistas, as ameaças veladas ao regime
das aposentadorias, a insegurança das ruas etc. Uma imprensa capaz de
ponderar e de orientar seria um antídoto razoável para esta a síndrome de confusão. Para tanto, imprensa teria de ser algo muito diferente de
shopping, quer dizer, algo além da mera oferta de objetos, serviços e shows.
Sem reflexão e ponderação públicas, outros fenômenos dessa natureza tendem a
aparecer, a irradiar-se nos espaços físicos do país e a amedrontar incautos e
eleitoráveis. Afinal, como diriam os arautos do apocalipse, quem tem Copa do
Mundo tem medo. No fundo o rolezin veio para mudar o Brasil, é a linguagem que os jovens estão usando para fazer a sua parte na exigencia de mudanças administrativas e politicas que o país tanto precisa. Escutem os jovens, agora são eles que estão com a palavra, do seu jeito, mas estão!






POIS ACREDITO QUE ESTÁ NA HORA DE PENSARMOS NO FUTURO POLITICO DE NOSSA CIDADE.
MUITA GENTE BOA TEM POR AI, VAMOS LEVANTAR 10 NOMES ???"