Nao tem como lembrar do Babico e nao lembrar do Vô Divar. Desde pequeno acompanhava quando ele ia até a barbearia e o vô sempre dava uma caneca de café preto e um pão com margarina pra ele. Mais uma pessoa que Morretes perde e que será lembrada por muitos. Em qualquer outro lugar poderia estar sendo lembrado apenas como um andarilho, mas em Morretes foi e sempre será lembrado como "O Babico"... alguém que fez parte da história de Morretes. Vá em paz Babico...
Jorge Junior (Neto do saudoso Odivar Miranda)
"Qué compá ?"
Até esses dias atrás, não sabia o nome dele. Dentro do seu
universo ensimesmado, pouco se sabia, apenas que tinha um transtorno mental,
diriam alguns, “por causa da guerra”.
No olhar íntimo, quem sabe, o planeta
deveria ser diferente, pois aqui é terra de gente e não de bichos, com todo
respeito ao instinto natural daqueles que não pensam.
Exímio contador de passos, fez do caminho da vida um sonho
sintonizado em ondas curtas e médias sem fazer média com ninguém. Soube nestes
dias que seu nome era Antonio. Para mim, sempre Babico. Babico dá letra de
samba, de seresta, dá poesia, dá anedota e, pretensamente, uma crônica ao
terminar este texto.
Babico é a fusão da pureza com a ignorância ao mundo que nos
cerca. Talvez seja a beleza de se indispor com a maldade, ainda que a angústia
da doença seja andarilha em seus caminhos mentais. É a ausência de ser para
ter, e estar para ser mais um na multidão deste planeta loucamente
descontrolado.
“Qué compá, qué compá?”, dizia o caixeiro viajante da Rua
15. O que vendia ou o que comprava era apenas um detalhe, naqueles minutos que
contatava com a Mãe Morretes e os seus filhos.
Talvez Babico seja o elo perfeito entre o mundo que deveria
ser e o mundo que é em forma de conflito. O que somos, o que fazemos e porque
somos e fazemos? O domínio do fato nos diz que, com certeza, poderíamos ser
melhores, quando conseguíssemos nos abster de nós mesmos em benefícios dos
outros. A nossa intimidade assim nos diz quando exercemos a humildade na
candura do amor.
Que Deus seja o grande portador de boas novas à todos os
Babicos do mundo, fazendo dos seus conflitos mentais a ignorância da maldade,
para o despertar da pureza que cultivará a eternidade da vida.
Texto de Guilherme Cherobim









