Minha prima Louise

'Sou premiada todo dia', diz brasileira vencedora de festival na Argentina

Paranaense vive desde 2005 no país vizinho, onde faz carreira no tango.
Louise Malucelli diz que teve dificuldades, mas que sonho valeu os esforços.

Vencedora do Prêmio Carlos 2016 na categoria dançarina de tango - dança típica argentina -, a brasileira Louise Junqueira Malucelli, 32 anos, comemora o reconhecimento no país vizinho. De acordo com ela, este é um dos principais prêmios recebidos na carreira que já se estende por 11 anos. “É incrível chegar a este nível, mas sou premiada todos os dias por fazer o que realmente amo”, destaca a bailarina que optou por deixar o Brasil para poder realizar o sonho de infância.

A ideia, lembra, era passar oito meses na Argentina enquanto concluía o curso de comunicação da Universidade Austral, na região metropolitana da capital Buenos Aires, e aproveitar para conhecer um pouco mais sobre o tango. “Pedi aos meus pais para ficar mais um ano porque havia recebido um convite de um balé de tango e eles concordaram. Não voltei mais”, lembra.

Escolher o lugar em função dos objetivos faz toda a diferença."

Louise Malucelli, dançarina de tango

Caso tivesse voltado ao Brasil, Louise, que atualmente mora em Buenos Aires, acredita que não teria dado continuidade ao sonho, atualmente algo muito maior do que poderia imaginar. “No máximo estaria dando aulas de dança e me apresentando eventualmente.” Antes de se especializar no tango, a londrinense que logo criança se mudou com a família para Morretes, no litoral do Paraná, fez balé clássico no Teatro Guaíra, em Curitiba.

“No começo não foi fácil, imaginava que seria muito estranho uma brasileira querendo dançar tango profissionalmente na Argentina, mas o preconceito estava na minha cabeça. Quando entendi isso, minha carreira deslanchou. Não foi fácil. Deixei de compartilhar momentos com a minha família no Brasil. Os argentinos me receberam muito bem. Tanto que hoje vivo com um deles, meu companheiro na vida e na dança, Marcos Esteban Roberts”, aponta.

“Por causa da dança já conheci vários países em todo o mundo. Para se ter uma ideia, nos apresentamos cerca de 300 dias no ano. Dançamos quase todos os dias. E isso é maravilhoso principalmente por fazer o que eu amo.” Os dois têm apresentações marcadas para os dias 27 e 28 de maio em Morretes.

Brasileira recebeu prêmio de melhor bailarina de
tango da temporada de verão de 2016; festival é
realizado na Argentina (Foto: Divulgação)

Para quem pretende seguir carreira em algo que não é muito comum no Brasil, o caminho, ensina, é procurar a origem disso e se aprofundar. “Escolher o lugar em função dos objetivos que cada um tem faz toda a diferença. A visão de vida se amplia consideravelmente em todos os sentidos, tanto pessoal como profissionalmente.”

Prêmio
Villa Carlos Paz, em Córdoba, é um conhecido centro artístico na Argentina. A cada temporada de verão, a cidade recebe dezenas de apresentações, avaliadas e premiadas em várias categorias. Na premiação, considerada o "Oscar da dança", Louise foi eleita a melhor dançarina de tango entre as 56 obras inscritas em 2016. Entre as modalidades estão a de melhor diretor, melhor apresentação de dança clássica, melhor iluminação e melhor figurino.

"Não penso muito a longo prazo. O que desejo agora é seguir dançando até quando meu corpo e meu coração aguentarem", planeja Louise.
Fonte paranaonline