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         Mozart treina no Rio Branco-PR para voltar a jogar
                         (Foto: Marcilio Junior)

Mozart recupera a vontade de jogar e vai para a China

Ex-Coxa, Verdão, Fla e Seleção, jogador treina no Rio Branco-PR para voltar aos gramados chineses, mas sonha retornar ao Coritiba

O cabelo loiro e encaracolado deu lugar a uma lustrosa careca. E os tempos de garoto revelação do Coritiba, jogador importante do Flamengo e prodígio da Seleção Brasileira também ficaram no passado do meio-campo Mozart. Encontrado em Paranaguá, cidade do litoral paranaense, onde treina com o time do Rio Branco-PR, o experiente Mozart, de 32 anos, se prepara para seu último momento com as bolas nos pés: vai jogar na China, no Nanchang Bayi Hengyuan, mesma equipe onde o Corinthians buscou Chen Zizao. O convite chinês recuperou a vontade de  Mozart de jogar. Ele mesmo já dava como acabada a sua carreira há um ano e meio, quando deixou o Livorno, da Itália. A última tentativa foi uma transferência para o Coritiba, na época comandado por Ney Franco, mas foi barrado. Sem sucesso, nos últimos meses cuidava dos negócios em Morretes, também no litoral paranaense e sua cidade natal. - Depois que eu voltei do Livorno e não consegui acertar com o Coritiba, perdi o tesão de jogar futebol. Até que veio a proposta da China. Aí voltou aquela vontade de jogar. Perdi o tesão de jogar futebol. Com esse novo desafio, a vontade voltou"

Mozart

Dos tempos de jogador, Mozart coleciona momentos importantes e também algumas polêmicas. Sua carreira começou nas categorias de base do Paraná Clube, e, antes de estrear entre os profissionais, se transferiu para o Bordeaux da França, onde ficou por uma temporada. Na volta a Brasil, acertou com o Coritiba, onde foi um dos principais jogadores do meio de campo, levando o time ao título estadual de 1999 após dez anos. O bom desempenho chamou a atenção do então técnico da Seleção Brasileira, Vanderlei Luxemburgo, e, em 2000, esteve no time campeão do pré-olímpico. Convocado para as Olimpíadas de Sidney ao lado de Alex, Ronaldinho Gaúcho e Cia., foi titular na equipe que acabou desclassificada nas quartas de final por Camarões. Mesmo com a saída prematura das Olimpíadas, Mozart garantiu o interesse de outros clubes. Primeiro o Valencia, da Espanha, e depois o Flamengo. Acabou se transferindo para o clube carioca depois do imbróglio envolvendo sua saída do clube paranaense. Na época, Flamengo e Valencia entraram em um leilão pelo jogador, elevando o valor do seu passe,  para alegria do Coritiba. No entanto, a desistência da equipe espanhola fez com que o clube carioca baixasse sua proposta. - Foi uma questão em que eu fui mal assessorado. O Coritiba teve uma grande proposta por mim, aceitou, eu aceitei, e é uma coisa normal do futebol. O clube teve uma proposta anterior à do Flamengo que foi do Valencia, da Espanha. Só que o Flamengo cobriu. Foi aí que aconteceu todo o rolo. O Flamengo fez uma proposta melhor, daí o Valencia desistiu do negócio. Depois o Flamengo decidiu pagar menos do que tinha acordado e o Coritiba não queria vender. Eu, no meio de tudo isso, fui mal assessorado, não tinha empresário na época para me ajudar e era muito novo.

O Flamengo e o doping na Europa

No Flamengo, Mozart teve desempenho razoável. Foi campeão carioca em 2000 e, após oito meses no Rubro-Negro carioca, foi vendido para o Reggina da Itália, onde passou cinco temporadas. Foi também onde viveu um dos piores momentos de sua carreira, quando foi pego em um exame antidoping realizado depois do confronto contra o Milan. - Primeiro, eu nunca tomei nada. Todos os medicamentos que eu tomava quando jogador eram receitados pelo médico. O que aconteceu foi que minha filha é alérgica a mordida de inseto. Na ocasião, ela estava com três anos e, por causa das mordidas, eu passava uma pomada nela. Não imaginava que poderia entrar na corrente sanguínea. Eu era inocente. Tanto é que a minha suspensão durou uma semana.

Aposentadoria e retomada

A ida de Mozart para a Europa não foi como o jogador sonhou. Longe de casa, acabou esquecido pela Seleção Brasileira e se transformou em mais um anônimo no mercado europeu. Após a polêmica do doping, foi para o Spartak, da Rússia, onde ficou por quatro anos. Em 2009, voltou para o Brasil e jogou uma curta temporada de apenas oito jogos no Palmeiras, quando arrumou as malas e se transferiu para o Livorno, da Itália. Agora que treina para voltar aos gramados chineses, a velha paixão do futebol o empolgou a pensar em jogar por mais tempo. Seu contrato na China é de um ano, mas ainda sonha em encerrar sua carreira no time em que mais brilhou. - O único em que eu me vejo jogando numa volta seria o Coritiba. Claro que vou estar com uma idade avançada, já estou com 32. Vamos ver o que acontece.
 

Curitiba Por Rafael Les